Dia Mundial dos Refugiados
Em cada minuto, 20 pessoas têm de deixar tudo para trás para escapar à guerra, à fome, à perseguição ou ao terror.
Há no mundo cerca de 80 milhões de pessoas deslocadas, o maior número de sempre. O dobro do que eram há 10 anos. São 1% da população mundial e 40% são menores de idade.
O nosso mundo está cada vez mais perigoso para cada vez mais gente. Não é, de facto, um mundo para todos. Nem sequer ao nível do mínimo.
Um refugiado é uma pessoa que tem razões fundadas para se sentir ameaçada devido à sua raça, nacionalidade, religião, opinião política ou associação a um certo grupo social. Também uma ameaça por catástrofe natural pode exigir que algumas pessoas tenham de procurar refúgio.
Um refugiado é, portanto, uma pessoa ameaçada, sujeita a violações graves dos direitos humanos. Como o direito à vida é um direito elementar, um refugiado tem direito a ser acolhido onde não seja ameaçado.
Como as necessidades básicas – alimentos, água, saneamento e cuidados de saúde – fazem parte das condições mínimas de vida e da dignidade humana, os refugiados precisam de cuidado e auxílio de terceiros.
Um refugiado é uma pessoa. Importa respeitá-lo. Tem em si a dignidade do ser humano. Mas tem à sua volta a falta de reconhecimento, ou pior, a agressão ao humano que devia ser respeitado. Um refugiado não é apenas uma pessoa a querer melhorar a sua vida. É alguém cuja vida está ameaçada de modo radical. Por isso procura refúgio.
Este enorme desafio humanitário, visível nas águas do Mediterrâneo, nas ilhas gregas e em vastos campos de refugiados de Bangladesh a Uganda, mostra-nos todos os dias como as crises mais graves da humanidade realmente estão ligadas.
Reduzir as emissões para chegar a zero, enfrentar a ameaça de pandemias globais, promover a justiça climática, combater a corrupção, fortalecer o estado de direito e procurar soluções pacíficas para o conflito são fundamentais para prevenir o tipo de deslocamento forçado que vimos nos últimos anos.
Mais de dois terços dos refugiados globais estão hospedados em países vizinhos, muitos dos quais foram agredidos pela COVID-19 e pelas lutas econômicas e sociais resultantes.
Embora alguns países, como a Colômbia, estejam a dar grandes passos para integrar milhões que chegaram com pouco mais do que as roupas que vestiam, esses países precisam de todo o apoio que puderem obter. As nações ocidentais devem esforçar-se para compartilhar a responsabilidade pela proteção dos refugiados.
Isto estende-se às políticas e práticas, garantindo a passagem segura para os requerentes de asilo e acelerar a integração, o acesso à educação e o direito ao trabalho para que os refugiados possam reconstruir as suas vidas e meios de subsistência.
Dado o que sabemos sobre a contribuição líquida que os refugiados demonstraram fazer para as suas novas comunidades, sempre vi a integração como uma oportunidade - um investimento social que vale a pena impulsionar o crescimento, a prosperidade e a diversidade e enriquecer as sociedades anfitriãs em inúmeras maneiras.
Perante este enorme problema, TODOS somos chamados a tomar posição e a fazer alguma coisa:
1 – Não ignorar o problema, nem se deixar cair na indiferença quanto às ameaças que dão origem aos refugiados;
2 – Contribuir monetariamente para organizações de apoio aos refugiados;
3 - Pressão política sobre governos e forças partidárias que estão na origem ou dão suporte a situações que obrigam 20 pessoas por minuto a procurar refúgio para a sua vida ameaçada.
4 – Participar numa opinião pública favorável ao acolhimento de refugiados e ajudar à integração de refugiados que se encontrem perto de si.
5 – Adotar medidas de cuidado com o ambiente, pois uma das grandes origens de refugiados é os problemas ambientais, cuja solução passa por mudanças de comportamento de cada um de nós.
Os nossos (maus) hábitos ameaçam e matam, embora à distância, longe dos nossos olhos.
“Vemos, ouvimos e lemos / Não podemos ignorar”, intimou-nos Sophia de Mello Breyner Andresen.
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